terça-feira, 1 de setembro de 2009

Obesidade e Gestação


A obesidade se apresenta como um problema de saúde publica no mundo de hoje, já que está presente consideravelmente em vários paises desenvolvidos, o que tem levado alguns desses paises à trata-la como um dos mais preocupantes problemas de saúde na atualidade. A prevalência da obesidade, nos EUA, na população adulta, está em torno de 25% a 45% (TANAKA, 1981)
O período da gravidez, para a mulher é considerado um momento muito importante, já que está sendo formado dentro de seu ventre um novo ser. Um ser dependente daquela que o gerou, um ser que precisa de cuidados, e devemos observar que os fatores psíquicos, ambientais devem ser tratados com muito cuidado. O bebê vive em um ambiente que é chamado matro-ambiente, que é o corpo da mãe, esta vive em um ambiente maior ainda e suas atitudes, hábitos e costumes devem ser trabalhados de forma correta, já que influem na manutenção, proteção do feto. Neste período a mulher passa por muitas mudanças, é o que diz SPETHMANN.
A gestação é um período muito especial na vida da mulher, pois um novo ser está em formação dentro de seu corpo. A gestante é submetida a grandes alterações fisiológicas e psíquicas durante a formação do feto e a sua reação pode ser determinante para que tenha uma gestação tranqüila e para a saúde do seu bebê. (SPETHMANN, 2004).
A obesidade conciliada com a gestação pode acarretar problemas, tanto para o bebê quanto para a gestante. Neste trabalho mostraremos até que ponto a alimentação influencia na obesidade e até onde a obesidade influencia na gestação.

2. Obesidade

A obesidade é uma desordem, ou doença metabólica caracterizada por excesso de tecido adiposo no organismo, com um aumento da média de peso corporal em relação a altura. Considera-se que uma pessoa obesa apresenta nessa media um aumento superior a vinte por cento.
A acumulação excessiva de tecido adiposo (obesidade) deriva de um aporte calórico excessivo e crônico de substratos combustíveis presentes nos alimentos e bebidas (proteínas, hidratos de carbono, lipídios e álcool) em relação ao gasto energético (metabolismo basal, efeito termogenico e atividade física) (MARQUES-LOPES, MARTI, MORENO-ALIAGA, MARTINEZ, 2004).
Sendo de tiologia multi-casual, a obesidade sofre influencia de fatores orgânicos, psíquicos e/ou sociais, que podem atuar isoladamente ou em conjunto sobre o individuo. Fatores genéticos associados com fatores ambientais, tais como maior disponibilidade de alimentos industrializados, e vida sedentária facilitam o desencadeamento da obesidade. (TANAKA, 1981).
Tal doença tem sido observada com um fator de aumento da morbidade no ser humano, aumentando a suscetibilidade a doenças cardiovasculares dentre outras, como as que causam problemas respiratórios, colecistites, orteoartrites, varizes, hérnias ventrais e diafragmatica e também a diabetes que apresenta uma forte associação com a obesidade.
3. Peso e gestação

Alguns fatores devem ser observados antes de fazer a relação peso e gestação. Existe a possibilidades da gravidez em obesas, e também da obesidade causada na gravidez, cada um com as suas conseqüências. Observamos estudos de alguns autores e mostraremos a seguir nossas conclusões.

4. Grávidas obesas

Observa-se que a associação obesidade-gravidez apresenta-se como um fator de risco para complicações maternas, comprometendo a vida da mãe e do filho.
A principal causa de morbidade materna entre grávidas obesas são as doenças hipertensivas (TANAKA, 1981). Tais doenças são uma das principais causas do baixo peso do feto ao nascer, e de mortalidade perinatal.
A hemorragia é uma complicação freqüente em obesas grávidas, principalmente após o parto. A literatura ainda menciona outras complicações maternas, tais como pielonefrites, tromboembolismo, lesões ou infecções da cicatriz cirúrgica, que tem sua incidência aumentada em grávidas obesas (TANAKA, 1981).
E é observado também o fator genético, onde os filhos de pessoas obesas tendem a ser obesas. A probabilidade de que os filhos sejam obesos quando os pais são, foi estimada em alguns estudos obtendo-se percentagens entre 50% e 80% (MARQUES-LOPES, MARTI, MORENO-ALIAGA, MARTINEZ, 2004).
Os filhos de mães obesas apresentam ao nascer um peso de modo geral, superior ao de mães não obesas, mas não muito superior. Esse aumento do peso é atribuído ao aumento na adiposidade, tendo que esses bebês têm um aumento do tecido adiposo subcutâneo.

5. Quando a gravidez desencadeia a obesidade

Há casos não muito raros em que a alimentação errada e descontrolada desencadeia a obesidade nas mulheres. Gravidez típica de mulheres que dizem “estou grávida, tenho que comer por dois”. Afirmação esta, feita erroneamente pelas futuras mães, uma grávida precisa aumentar em sua alimentação apenas 300g do que anteriormente comia, isso em um estado de saúde normal.
No período gestacional a mulher deve ganhar de 9 a 12/kg porém, muitas vezes, por problemas culturais, comportamentais, ambientais e/ou sociais, a gestante apresenta um ganho de peso inadequado, tanto para mais como para menos em relação aos limites recomendados. (TANAKA, 1981).
Quando as grávidas aumentam o peso em menos de 7kg durante toda a gravidez, a média de peso dos bebês ao nascerem é de 2.700g, e ganhassem menos de 5kg, esta media tende a cair para 2.500g, porém quando as gestantes tem um aumento de peso superior a 12kg, praticamente não há correlação com o ganho de peso do bebê, que nascerá com o peso normal. Porém quando a gravidez desencadeia a obesidade, ou está associada a esta, leva o binômio mãe-filho a uma maior vulnerabilidade de adoecer e morrer por complicações tanto obstétricas como clinicas (TANAKA, 1981).
Estudo realizado com 120.531 gestantes de cinco estados norte-americanos participantes do programa "Special Suplemental Nutrition Program for Women, Infants and Children (WIC)", mostrou que a proporção de mulheres que ganharam peso dentro do recomendado diminuiu de 23,4% para 22,0%, e a proporção de mulheres que ganharam peso acima do recomendado aumentou de 41,5% para 43,7%, havendo portanto um aumento no ganho ponderal durante a gestação, entre os anos de 1990 e 1996. (STULBACH, BENÍCIO, ANDREAZZA, KONO, 2007).

6. Observações importantes

• As gestantes obesas costumam apresentar idade superior às gestantes não obesas.
• Gestantes com maior nível de escolaridade tendem a ganhar mais peso no segundo e terceiro trimestres da gravidez
• Gestantes que moram sozinhas apresentam risco 60% maior de ter ganho excessivo de peso.
• Mulheres obesas apresentam percentualmente um numero superior de partos anteriores em relação a mulheres não obesas.
• Há uma maior incidência de patologias em gestantes obesas, do que em gestantes normais, o que pode aumentar o risco gravídico.
• As gestantes obesas apresentam maior percentual de risco de desenvolver hipertensão arterial.
• O risco de óbito fetal é maior no grupo de obesas.
• A mortalidade perinatal (entre 28ª semana de gestação até os sete dias de vida extra uterina) é mais alta em mães obesas. O coeficiente de mortalidade perinatal é 12,7°/0 nascimentos para as mulheres normais e 106,4 °/0 dos nascimentos para mulheres obesas.
• A distribuição do peso ao nascer, nos estudos de Tanaka, é diferente entre os recém nascidos de mulheres normais e obesas. A figura a seguir ilustra essa diferença.
• Além dos fatores ambientais (nutrição), os fatores genéticos também influem no peso do feto ao nascer.
• As grávidas obesas apresentam uma incidência a prematuridade duas vezes maior do que grávidas normais.
• Quando o ganho de peso durante a gestação é inadequado, o recém nascido tem um retardo no seu crescimento intra-uterino.
• Há uma maior incidência de prematuridade dos bebês das gestantes obesas do que das gestantes normais.
• Tendo em vista o ganho de peso, durante a gravidez, existe prejuízo de crescimento fetal (menor peso ao nascer) quando a grávida ganha menos de 8kg durante o período gestacional.
• O peso antes da gestação apresenta-se como uma variável muito importante para o crescimento e desenvolvimento intra-uterino.

7. Adolescentes x gravidez x obesidade.

O movimento de liberação sexual iniciado na década de sessenta trouxe consigo problemas para os tocoginecologias e autoridades de saúde, sobretudo em relação ao inicio precoce da atividade sexual. (FURLAN, GUAZZELLI, PAPA, QUINTINO, SOARES, MATAR, 2003). Essa iniciação precoce à sexualidade tem repercute em doenças sexualmente transmissíveis e gestações não planejadas.
Com relação ao peso, o padrão de ganho pode ser variado, mas geralmente ocorre de forma semelhante ao do desenvolvimento estatural. O pico máximo de incremento do peso corporal ocorre após o período de maior crescimento estatural, momento em que o adolescente tende a ser mais longilíneo. Mas dependendo dos hábitos alimentares, ao cessar o crescimento, o ganho de peso pode manter-se elevado e ocasionar sobrepeso. (FURLAN, GUAZZELLI, PAPA, QUINTINO, SOARES, MATAR, 2003).
A gravidez na adolescência é considerada de risco, não por fatores biológicos, mas sim por causas psicológicas e sociais explicariam o fato da gestante não fazer seu pré-natal adequadamente tornando difícil o tratamento de possíveis problemas.
As adolescentes obesas grávidas têm maior incidência de partos cesáreas. E também apresentam maior numero de recém-nascidos com peso inferior a 2.500gramas.
O sobrepeso após os 12 anos de idade aumenta substancialmente as chances de obesidade na vida adulta, devendo ser corrigido já, para que os aspectos nutricionais sejam retificados afim de que os danos não se tornem permanentes.
Na adolescente do sexo feminino surge outro fato complicador: a gravidez não planejada, que pode criar ou agravar os distúrbios nutricionais. (FURLAN, GUAZZELLI, PAPA, QUINTINO, SOARES, MATAR, 2003).

8. Alimentação ideal durante a gravidez

É importante que as grávidas utilize de alimentos nutritivos e simples, que possam garantir uma boa nutrição à gestante e ao bebê.
Evitar vinagre, frituras, condimentos irritantes, gorduras, enlatados, queijos e refrigerantes. O ideal é que se faça mais refeições durante o dia, comendo menor quantidade de cada vez.

8.1. Alimentação ideal para a mulher obesa, antes da gestação.

É importante relembrar que a mulher não deve fazer tentativas de perda de peso durante a gravidez, então deve ter um cuidado com sua nutrição antes do período gestacional.
Alguns cuidados simples e eficazes podem ser tomados para combater a obesidade e manter o peso ideal, como: beber água pura e fresca em abundancia. A recomendação medica é de 2 litros por dia, separar algumas horas por dia, para fazer uma caminhada ao ar livre, evitar consumir alimentos artificiais, industrializados e processados, utilizar de alimentos diuréticos e ricos em fibras, comer com moderação mesmo alimentos saudáveis, estabelecer horários regulares para a alimentação, suspender o uso de café, fumo e bebidas alcoólicas, não usar sucos, refrigerantes, junto com alimentos sólidos, pois esse habito prejudica a digestão e fazer uso de chás digestivos periodicamente.

 Conclusão

A obesidade por si só já é um fator preocupante para a saúde de quaisquer individuo, pois acarreta várias patologias. A gravidez associada à obesidade causa riscos não apenas para a grávida, mas também para o bebê. O estado nutricional da mulher antes e durante o período gestacional é de eximia importância para a saúde do bebê, influenciando no seu desenvolvimento, da mesma forma que os hábitos nutricionais da gestante influencia o seu estado depois da gravidez. Concluímos assim que os fatores de maior importância a um adequado crescimento e desenvolvimento intra-uterino do feto é, portanto, o estado nutricional em que se encontra a mulher, durante e depois do ciclo gravídico.


Bibliografia

STULBACH, Tamara E. et al. Determinantes do ganho de peso ponderal excessivo durante a gestação em serviço publico de pré natal de baixo risco. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, ISSN, v.10, 2007.

TANAKA, Ana Cristina. A importância da associação obesidade e gravidez. Revista de Saúde Publica, São Paulo, v.15, 1981.

FURLAN, et. al. A influencia do estado nutricional da adolescente grávida sobre o tipo de parto e o peso do recém nascido. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v.25. n.9, 2003.

KAC, Gilberto; MELÉNDEZ, Gustavo Velásquez; VALENTE, Joaquim Gonçalves. Menarca, Gravidez precoce e obesidade em mulheres brasileiras selecionadas em um centro de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. CSP Cadernos de saúde pública, Rio de Janeiro: ENSP, Fiocruz, v. 19, 2003. Suplemento 1. p. S111-S118.

LOPES, Iva Marques et al. Aspectos genéticos da obesidade. Revista de nutrição, Campinas: PUCAMP, v. 17, n. 3, p. 327-338, il. jul./set. 2004.
SPETHMANN, Carlos Nascimento. Medicina Alternativa de A a Z, Uberlândia-MG: Editora Natureza, 2004, 7ª edição.

PAPE. [S. l.]: Edipar Edições e Participações ltda, 6ª edição, 1997.

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